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21 de abril de 2017

FADAS DOS TREVOS E A FORMAÇÃO DE FLORES ASTRAIS



Em Cotswolds. Um campo de trevos

2 de agosto de 1925


Há um tipo de espírito da natureza aqui que pertence ao verdadeiro tipo da fada, e parece estar intimamente associado com o trevo. Tem forma feminina, usualmente cerca de noventa centímetros de altura, mas capaz de expansão até a estatura humana. Esta faculdade de expansão está sendo exercida em uma medida maior do que eu já observei antes, e é muito frequentemente usada entre os períodos de “trabalho”. Para o propósito de uma descrição mais detalhada, escolhi uma fada que se aproximou de nós e paira com seus pés logo acima dos botões do trevo. A forma é completamente coberta pela fluente túnica áurica; há uma túnica por baixo ou por dentro, verde pálida, de uma textura quase como chiffon, através da qual é vista em certos momentos a mais vaga sugestão de uma forma rosada, quando ocorrem mudanças na direção e forma do fluxo das forças áuricas. Sobre esta túnica interna, e mescladas a ela, há faixas na cor da flor do trevo, as quais, passando através da aura, aparecem sobrepostas ao verde; elas não assumem uma forma permanente, embora sugiram linhas fluindo a partir dos ombros, descendo juntas até a cintura e então se expandindo novamente à medida que fluem para os lados para as porções inferiores da aura.

Mais uma vez se mostra a capacidade de imitação, pois quando tento fazer uma observação precisa esta fada que descrevo começou a imitar o casaco austríaco que visto, usando a cor malva do trevo para fazer o casaco. Ela é muito destemida e amigável, e “paira” a cerca de um metro e meio de distância, possibilitando-me assim ver claramente que bela criatura ela é. Fluem forças de sua aura de um ponto correspondente ao plexo solar, que parece ser uma parte vital de seu “corpo”; é de cor amarela dourada, e brilha como um sol miniatura; suas radiações parecem finas linhas douradas correndo por toda a aura; partem de ambos os lados do pescoço e fluem até a margem da aura, sugerindo vagamente umas asas. Há um outro centro na cabeça, de cor branca prateada, de onde, também, irradiam-se correntes de forças – principalmente em direção ao espaço acima da cabeça; isto representa a atividade astro-mental, e está constantemente mudando de cor e forma.

A cabeça é a de uma jovem, cabelos e sobrancelhas castanho escuros, a face belamente arredondada, de aparência louçã e saudável; o cabelo é usado longo, e flui para trás e para baixo desde a testa, e se dissipa em uma corrente de força áurica; a forma dos membros não é visível através da verde túnica áurica descrita acima, mas os pés são guarnecidos de botinas delicadamente modeladas que sobem até a coxa, cujas aberturas superiores se estendem como pétalas de uma flor acima dos quadris, que parecem estar envoltos em meias verdes. As pétalas são de um tom de verde levemente mais escuro, e há um toque de amarelo em certas partes, embora sua posição seja mutável. A túnica verde a que me referi antes é muito ampla e frouxa, e sendo de uma textura extremamente diáfana, está em constante movimento, como se soprada continuamente pelo vento ligeiro. Ocasionalmente a forma central se torna inteira e claramente delineada. Sua disposição é jovial e brincalhona. Ela estende ambas as mãos diante de si, como se nos convidando a juntar-se a ela em algum jogo de fadas entre os trevos.

Agora ela faz gestos de grande beleza que se sucedem com agilidade inexcedível. Posso observar três deles. Ela começa trazendo mãos e braços juntos completamente estendidos para baixo à sua frente, as palmas se tocando, os dedos estendidos. Ambos os braços então fazem um movimento circular para os lados e para cima, pausando por um momento na altura dos ombros e se encontrando novamente bem estendidos acima da cabeça. Mantendo as mãos juntas, ela traz os braços lentamente para baixo, bem estendidos à sua frente até a primeira posição, a partir da qual ela repete o processo. Ela agora reverteu este movimento e acrescentou mais dois raios de círculo através de pausas de uma fração de segundo com os braços abertos a meio caminho entre a horizontal e a vertical. O efeito disto foi o de estimular a atividade do centro do plexo solar em tal grau que toda a aparência de túnica descrita antes desaparece, assim como toda semelhança com a forma humana dos ombros para baixo, deixando só os centros do plexo solar e da cabeça com suas radiações de forças fluentes. Ela vitalizou-se com estes gestos, que constantemente repete, e aos quais está acrescentando outros tão rápidos que é impossível acompanhá-la. Agora ele está estendendo ambos os braços – um para a frente e um para trás – formando assim novamente raios de um círculo em posições a meio caminho entre a horizontal e a vertical; mas enquanto os “raios” do primeiro exercício descrito formavam um disco achatado de frente para o espectador, estes últimos adicionam uma outra dimensão à figura, e dão os diâmetros de uma esfera completa. É interessante notar que as mãos e os dedos são mantidos completamente estendidos e que as linhas de força saem deles até uma distância de cerca de vinte centímetros, aumentando consideravelmente a beleza do efeito. A esta altura ela chegou a um estado de exaltação; ela construiu, pelo movimento de seus braços e mãos, uma esfera completa em torno de si mesma de pouco mais de dois metros e diâmetro, na qual há dois focos - um no plexo solar e um na cabeça - mantendo a mesma posição relativamente entre si e a forma esférica, como os dois focos gêmeos de uma elipse. A face e os braços ainda são discerníveis, mas toda outra sugestão de aparência humana se desfez; há simplesmente um globo de força expansiva, cuja borda é claramente definida. Além desta margem há um cinza perolado tremeluzente que também consiste de linhas de força irradiantes.

O contato com sua consciência, nesta condição, dá a sensação da mais radiante felicidade, de uma intensidade de prazer muito além de qualquer estado humano normal. Ao contrário dos espíritos da água que, tendo atingido o ápice de exaltação, imediatamente descarregam a força de que estão cheios, ela parece ser capaz de manter este estado. Agora ela está saindo da forma que criou, subindo lentamente para acima dela para um nível superior do plano astral, como que desaparecendo nele, até que a consciência, deixando o brilhante globo flutuar imóvel no ar, escapa e aparentemente retorna para a alma-grupo. A forma ainda permanece vívida, clara e radiante.

Com o intuito de experiência, dirigi uma corrente de força para dentro da esfera; ela penetrou e passou através dela sem resistência, e sem perturbar a forma, e eu tive a sensação da mesma estabilidade que se acha em um giroscópio. A forma não resiste à passagem da força através dela, mas resiste a qualquer esforço para mudar sua forma ou posição; por exemplo, eu tentei elevá-la no ar sem sucesso.



Há globos similares a este em diferentes partes do campo, e fadas, como esta descrita, com variações de tamanho, cor do cabelo e compleição. As que de fato estão trabalhando nos trevos mergulham dentro deles, imergindo no duplo astral da plantação, incluindo dentro de si mesmas uma área de 45 a 70 cm. Elas permanecem neste estado por algum tempo, então ressurgem, pairam um pouco no ar, voam para outra parte do campo, e repetem o processo. O campo tem aproximadamente dois acres de extensão, e deve haver pelo menos uma centena de fadas trabalhando nele.

Um dos efeitos de seus esforços é estimular a consciência astral daquela parte da alma-grupo vegetal que está encarnada neste campo. Parece evidente que quando uma planta atingiu o estágio de florada, a consciência animante está em seu estado mais ativo; então ela é muito responsiva ao estímulo provido pelos membros da hierarquia dévica. Pode-se quase sentir uma espécie de tensão ascendente da consciência da planta em direção à fada naquela área na qual ela está trabalhando, e certamente há um estímulo do processo evolucionário.

(Dez minutos mais tarde). O globo da fada ainda persiste. No presente eu não vejo na mente da fada qualquer propósito especial para a formação do globo; há, é claro, a alegria criativa natural na produção de um objeto belo. Sem dúvida é dado algum uso a estes globos, embora no momento eu não possa descobrir sua finalidade; talvez eles formem reservatórios de força que gradualmente é descarregada na alma-grupo vegetal.

Um grupo de fadas agora está dançando em torno do globo particular que estive descrevendo, banhando-se em sua atmosfera radiante e obtendo evidente prazer da contemplação de sua beleza. Elas fizeram um círculo completo em seu redor, e executam evoluções como as de uma dança campestre. Estas, por sua vez, estão produzindo uma forma; à medida que dançam estão construindo uma taça em forma de pétalas, na qual descansa a esfera; as pétalas sobem mais e mais, até que atingem um nível logo acima do topo da esfera, criando uma belíssima forma floral de cerca de 2,5 a 3,5 metros de diâmetro e de 2,5 metros de altura - uma espécie de flor-modelo no plano astral, uma coisa de beleza gloriosa e de proporções perfeitas. À medida que observo, as pétalas crescem ainda mais e gradualmente se fecham acima do globo. A dança e canto das fadas - eu não ouço o som, mas a partir do movimento de suas bocas e expressões de suas faces, presumo que estejam cantando - se tornam mais selvagens, como se o clímax estivesse se aproximando; elas subiram para acima do solo e continuam a circundar a forma que criaram, na altura de quase um metro, com suas cabeças jogadas para trás, seus cabelos esvoaçando, o róseo lustro de seus membros aparecendo à medida que dançam. Suas poses e gestos são belíssimos.



Durante estas evoluções, seus olhos permanecem intencionalmente fixos nas pétalas, pois para cada uma parece haver uma fada responsável. Elas estão exercitando um poder construtor de formas, em cuja aplicação elas parecem peritas; cada uma mantém intensa concentração, o olhar fixo no ponto mais extremo até onde as pétalas cresceram. Agora as pétalas pendem em curva graciosa para o centro, onde gradualmente se encontram e unem. As fadas subiram até o topo, ainda dançando e cantando, ainda com seus olhos sobre a sua obra; fizeram uma complexa forma floral, não exatamente esférica, mais estreita na base do que no topo, onde é quase plana; sua forma é singularmente bela, e as linhas das pétalas originais, embora agora todas estejam unidas em uma só, ainda são visíveis. Elas elaboraram uma concha envolvente de puro branco iridescente, tinto aqui e ali das cores verde e do cravo; através dela brilha tenuemente o globo que ela contém.

As fadas rompem seu círculo em um ponto, abrem-se em uma linha, movem-se através do campo para outro globo, em torno do qual iniciam um processo similar. Isto ocorre em diversas partes do campo onde a essência elemental está sendo modelada em formas como a primeira. Assim nascem e assim crescem as "flores" do plano astral.




Fonte: Livro O Reino Das Fadas – Geoffrey Hodson - Primeira Edição em 1927 - The Theosophical Publishing House - (Londres).


Um comentário:

  1. Meus Deus, q magnífico! Flores sendo criadas por fadas dançando...nunca ia sonhar algo tão perfeito...a natureza é ainda mais divina do que eu imaginava!

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